O antes e o depois da pandemia, o que aprendemos?

27 de Julho de 2024

A Organização Mundial da Saúde (OMS), através de um levantamento que usou dados de mais de 60 organizações e agências de saúde globais, notou uma tendência mundial, aumento de casos de 13 doenças transmissíveis, entre elas (sarampo, gripe, tuberculose, dengue e poliomielite, entre outras). Estas doenças chamaram a atenção, porque a queda na cobertura vacinal delas, mostrou a volta destas doenças, que já estavam controladas e até erradicadas em certas regiões, e que comparações entre período, pré e pós pandemia, mostrou um retorno destas, e o provável fator mais relevante, foi a perda da percepção do risco destas enfermidades, pelas famílias, porque a imunização foi eficiente para o controle destas doenças, justamente pelo sucesso das vacinas, mas elas não “sumiram”, e com isso as famílias não veem a doença no dia a dia, e acham que elas não representam mais um risco. Os agentes continuam circulando, porém em níveis muito baixos, com a população vacinada, não há risco de ocorrer a doença em nível de perda do controle, além de pequenos surtos localizados, o que facilmente podem ser controlados. Apenas aqueles susceptíveis podem ficar doentes, por ainda não estarem na faixa etária para serem vacinados, ou estarem imunocomprometidos, por algum tratamento imunossupressor, ou imunossenescência ou ainda alguma patologia ou síndrome que prejudiquem a performance do sistema imune. No Brasil notamos a cobertura da BCG, que foi de 95% em 2018, cair para menos de 70% em 2021, a poliomielite tinha quase 90% de cobertura em 2018, e caiu abaixo de 70% em 2021.

 

A pandemia de Covid-19 motivou o isolamento para tentar conter a transmissão do vírus, e foi um fator relacionado ao aumento dos casos de outras infecções respiratórias ou que são transmitidas através do contato. Após o período pandêmico, acabaram ocorrendo menos casos de infecção bacteriana, pelos meningococos e pneumococos, além do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) que, durante a pandemia, quase despareceram, e agora reaparecem. No Brasil, foi registrado um aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que podendo levar à hospitalização. Em 2024, até 6 de julho, foram notificados 44.228 casos hospitalizados, sendo 44% em decorrência de VSR e 20% por influenza (gripe), segundo dados da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), do Ministério da Saúde. Em 2019, no ano inteiro, foram notificados 40.294 casos.

Na pandemia, houve uma predominância do vírus da Covid-19 e, consequentemente, muitas pessoas não tiveram contato com o vírus da gripe atual, e agora estão totalmente suscetíveis. Isso somado ao baixo índice de vacinação, contra os outros agentes (meningococos, pneumococos, o que inclui a vacina da influenza (gripe) também). Houve aumento dos casos de dengue neste ano, até junho, o Brasil registrou 6 milhões de casos de dengue, um número quatro vezes maior do que o ano todo de 2023, segundo dados do painel do Ministério da Saúde. O número de mortes também bateu recorde neste ano, chegando a 4 mil óbitos até junho desse ano, enquanto em 2023, o total foi de 1.179. Este descontrole da dengue, parece estar relacionado, principalmente, a fatores climáticos, como o aumento da temperatura média em todo o país, devido a este fator, locais onde antes não havia uma circulação grande do vírus da dengue, como o sul do país, agora estão tendo epidemias também. Ou seja, a dengue vem ultrapassando fronteiras. O CDC (USA) emitiu um alerta sobre um risco maior de infecções pelo vírus da dengue no país. O número de casos relatados nas Américas passou de 9,7 milhões durante o período entre 1º de janeiro e 24 de junho, duas vezes mais que em todo o ano de 2023. O que fazer para fortalecer a imunidade? A melhor forma de melhorar a imunidade é através da vacinação. Pessoas de grupo de risco devem evitar o contato com pessoas infectadas, ou, então, manter o uso de máscaras em locais aglomerados. Pessoas saudáveis que entram em contato com pessoas com risco de complicações graves por doenças infecciosas, devem manter hábitos que ajudam na prevenção de doenças respiratórias, tais como: realizar lavagem nasal diariamente, principalmente em estações secas (inverno e outono), evitar a exposição prolongada ao frio, manter ambientes arejados, manter as mãos higienizadas com sabão e água ou álcool em gel.