Blog
Informações e curiosidades do mundo da saúdeQuanto tempo dura a proteção de uma vacina?
21 de Novembro de 2022
Todos os dias alguém faz esta pergunta numa sala de vacinas. A vacina protege para a vida inteira? Como devo proceder caso eu atrase o calendário vacinal do meu filho? Há uma série de dúvidas em torno das imunizações, e muita desinformação sobre o tema.
A vacina protege para a vida toda?
Não, mas uma explicação se faz necessária. Algumas vacinas garantem uma longa proteção, desde que a pessoa complete o esquema vacinal para aquela determinada doença. Um exemplo clássico é a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), que exige a aplicação de duas doses para evitar, de forma permanente, que alguém tenha sarampo, rubéola e caxumba. O mesmo raciocínio com a vacina contra a hepatite A (uma ou duas doses, dependendo se a aplicação ocorre na rede pública ou particular), hepatite B (quatro doses, sendo uma isolada no nascimento do bebê e as demais dentro da aplicação da vacina pentavalente, no serviço público e na hexavalente nas clínicas privadas). Entretanto, há vacinas para as quais são necessárias doses periódicas de reforço. São essas aplicações adicionais que levam à produção de anticorpos de longa vida e ao desenvolvimento de células de memória, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), e também a Organização Mundial da Saúde (OMS). É como se o corpo precisasse ser treinado de tempos em tempos para combater o organismo causador da doença, reforçando a memória do agente infeccioso para combatê-lo mais rapidamente no caso de uma eventual exposição futura. Nessa categoria estão as vacinas contra influenza, tétano, difteria e coqueluche, entre outras vacinas.
Por que algumas vacinas só podem ser aplicadas em determinadas idades?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a recomendação da idade para aplicação de cada vacina leva em conta os dados epidemiológicos da população, a maturidade imunológica dos indivíduos, e a suscetibilidade dos indivíduos em cada faixa etária, tanto para o adoecimento quanto para complicações da doença. Em todo o mundo, o calendário vacinal é norteado pela OMS, mas é responsabilidade de cada país decidir, de acordo com sua capacidade econômica e sua necessidade epidemiológica, quais imunizantes constam em suas campanhas anuais de vacinação. No Brasil, existem vacinas diferentes para cada público: crianças, adolescentes, gestantes, adultos, e idosos. Isso ocorre porque os imunizantes foram desenvolvidos, ao longo de décadas de estudo, para o público-alvo no qual a incidência de cada doença é maior.
O sistema imunológico sofre influências em relação à idade?
SIM, a maturidade do sistema imunológico cumpre um papel importante na distribuição do calendário vacinal. De acordo com a SBIm, conforme as pessoas vão ficando mais velhas, o sistema imune já não responde tão bem assim às vacinas por causa das alterações imunológicas observadas no envelhecimento (imunossenescência). A vacina BCG (que previne as formas graves de tuberculose, principalmente a miliar e a meníngea), por exemplo, não é capaz de prevenir a tuberculose de um adulto, mas evita a forma grave da doença em bebês. Em uma pessoa mais velha, a tuberculose precisa ser tratada com medicamentos até que uma vacina efetiva seja desenvolvida para essa faixa etária. De acordo com a SBIm, bebês e idosos são grupos bastante específicos: em um, o sistema imune ainda não está maduro o suficiente para lidar com patógenos (organismos capazes de causar doenças) e no outro o sistema imune já está envelhecendo.
Como proceder se atrasar o calendário vacinal do meu filho?
O calendário é uma forma de organizar as vacinas por doses e faixas etárias sugeridas por especialistas, o que não impede uma pequena variação. De acordo com o Ministério da Saúde, em caso de atraso, busque orientação médica para saber como ajustar o calendário vacinal do seu filho sem prejudicar a proteção conferida pelos imunizantes. Na maioria dos casos, uma dose já dada não é considerada perdida. Se uma dose foi feita há muito tempo, você deve continuar o esquema respeitando o intervalo entre as próximas doses. Apesar de o atraso não significar um grande problema na maioria dos casos, é importante atentar-se ao calendário e seguir o período recomendado de imunização, uma vez que a proteção só é efetiva quando está em dia. Além disso, lembre-se de que as vacinas obrigatórias estão sempre disponíveis nos postos de saúde e não é necessário aguardar pelas campanhas para atualizar a caderneta de vacinação. As clínicas privadas tem um calendário específico, que engloba a proteção básica exigida pelo PNI, e outras vacinas (que não estão presentes no PNI, mas que são autorizadas a venda e aplicação pela ANVISA), por serem importantes à proteção de pessoas e que ainda não estão presentes no PNI.
Como proceder para proteger toda a minha família independente da idade?
Como explicamos na questão anterior, os calendários são uma forma de organizar as vacinas por doses e faixas etárias sugeridas por especialistas, o que não impede uma pequena variação.
Podemos lembrar que as vacinas, como tudo na vida, tem uma evolução permanente, desde o século XVIII, com a descoberta de Jenner, um médico curioso e estudioso da época, que as pessoas que ordenhavam as vacas, não desenvolviam uma doenças, que ocorria nas mamas das vacas, muito semelhante a outra doença semelhante em quem não ordenhava as vacas. Ele fez um extrato com o material que era raspado das lesões, e depois injetava nas pessoas que não ordenhavam, observou que estas pessoas também não desenvolviam a doença.
Outro exemplo mais fácil de entender, os automóveis há 30 anos atrás, não utilizavam freios a disco, ainda usavam carburadores, não havia retrovisores do lado externo, hoje estes acessórios e muitos outros, existem em qualquer automóvel, as vacinas também sofrem modificações tecnológicas, melhorando a eficiência.
Outro fator importante, quem nasceu antes do século XXI, não recebeu várias vacinas quando criança, porque elas não existiam, e hoje elas fazem parte da rotina de imunização de qualquer bebê.
Hoje adultos podem ser protegidos de doenças que já não fazem parte de nossas vidas, mas que continuam a existir em países que não protegem sua população por diversos motivos (poliomielite, tuberculose, sarampo e outras). Estes adultos podem receber vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola, contra pneumococos, meningococos, Herpes zoster, HPV, e outros agentes.
Esta evolução das tecnologias e os estudos que resultam deste progresso, permitem que hoje existam calendários por faixa etária, por doenças, por categoria profissional (cada tipo de trabalhador tem riscos de doenças infecciosas, que podem ser prevenidas por vacinas), por período ou tipo de tratamento (exemplo, gestantes, transplantados, imunodeprimidos) e também por situações especiais.
Procure seu médico ou uma clínica de vacinas para poder se atualizar nestas situações (por exemplo, viagem) para saber se existem vacinas para suas necessidades.